Unixtopia

Cultura de atualização

É uma mentalidade maliciosa que surge em uma sociedade capitalista que se manifesta por desenvolvedores de um programa que criam modificações frequentes chamadas atualizações, às vezes também disfarçadas de forma mais sorrateira sob termos como progresso ou modernização, e forçam usuários a continuar consumindo-as, depreciando ou negligenciando versões antigas, abandonando a compatibilidade com versões anteriores, ou forçando atualizações no código. Isso se manifesta por uma mensagem pop-up familiar, "seu software é muito antigo, atualize para a versão mais recente." Esse processo é automatizado e conhecido como atualizações automáticas, mas a cultura de atualização abrange mais que isso, é toda a mentalidade de ter que se manter constantemente atualizado, atualizar o software, hardware e outros produtos, faz parte da cultura do medo, da besteira e do consumismo. Os normies ficam neuróticos quando não recebem suas atualizações semanais que lhes dão novos conteúdos ou uma falsa sensação de segurança. A verdade é que as atualizações quebram mais coisas do que consertam e tornam o software progressivamente pior. Um bom software é escrito uma vez e funciona por centenas de anos sem manutenção. Um exemplo típico que se enquadra na cultura de atualização são navegadores web ou sistemas operacionais proprietários. Normalizar a prática de ter que consumir atualizações leva à oportunidade conveniente de abuso de usuários, com as coisas que você precisa, você pode ser alimentado com coisas que não quer.

A cultura de atualização não se limita a computadores ou tecnologia. É o humor de toda a sociedade e se aplica a coisas como moda, negócios, fofoca, assistir notícias na TV, navegar nas redes sociais ou atualizar leis constantemente, é a aceitação e aprovação de viver em um estresse constante de ter que extorquir quantidades extremas de energia para acompanhar pragas artificialmente inventadas, para correr contra si mesmo e os outros em uma corrida artificialmente sustentada sem fim, sem vencedores, apenas com participantes exaustos. O sistema atual de leis exige manutenção diária constante que é custosa, a lei é constantemente refeita e reescrita para refletir qualquer tendência emergente na sociedade porque é tão incrivelmente complexa e tenta abranger cada aspecto da sociedade. Claro que eventualmente nos opomos a qualquer tipo de lei formal, o tipo de lei de cultura de atualização é ainda ordens de magnitude pior, se vemos a lei como uma ferramenta para servir à sociedade, esse tipo de lei é uma ferramenta ruim, semelhante a um martelo que precisa ser consertado a cada segundo apenas para funcionar. As atualizações de software são justificadas por "segurança" e recursos modernos". Usuários que querem evitar essas atualizações ou simplesmente não podem instalá-las, devido ao uso de hardware antigo incompatível ou pacotes de dependência ausentes, são ridicularizados como pobres coitados, idiotas e seu sofrimento é ignorado.

• É uma forma de consumismo de software, mesmo que as atualizações em si sejam gratuitas, elas sempre têm custo, como instabilidade potencial, exigindo novo hardware, forçando a instalação de mais dependências, aprendizado necessário para usar a nova versão ou até mesmo a remoção de recursos antigos e código malicioso nas atualizações.
• É perigoso, atualizações quebram coisas, e há casos em que muito depende do software funcionando perfeitamente.
• É um esforço, desperdiçando trabalho humano e criando um custo de manutenção intencionalmente alto. Humanos, tanto usuários quanto programadores, se tornam escravos do software.
• As justificativas de segurança são mentiras, uma verdadeira preocupação com a segurança levaria ao desinchaço e à criação de um software mínimo, estável e bem testado. A cultura de atualização é exatamente o oposto, ela constantemente empurra vulnerabilidades recém-criadas com as atualizações que são melhores apenas por não terem sido descobertas ainda, confiar na segurança pela obscuridade. Isso cria um ciclo intencionalmente infinito de criação de algo que nunca será concluída.
• Mata a liberdade. As constantes atualizações nosense do JS e a adição de recursos eliminam qualquer pequena competição que não pode se dar ao luxo de acompanhar o ambiente em constante mudança.
• É doloroso para e desnecessário para o usuário, é um desconforto artificial imposto aos usuários. O usuário tem que continuar se importando com seu software como uma espécie de tamagotchi, tornando-se um escravo dele.
• Cria uma mentalidade de não ter como objetivo terminar nada e normaliza isso, os desenvolvedores aceitam que lançam software inacabado, os usuários aceitam que usam software inacabado, a sociedade depende de tecnologia que não foi concluída, é cheia de bugs, instável e muda aleatoriamente de um dia para o outro. A cultura de atualização tem um efeito semelhante ao efeito econômico cancerígeno da inflação que impede você de economizar dinheiro, destrói tudo o que se torna estático, não permitindo estabelecer nenhuma estabilidade.
• É um grande risco de segurança. O desenvolvedor tem o poder de enviar e executar remotamente qualquer código a qualquer momento para os dispositivos de muitos usuários. Isso pode ser visto como a definição de backdoor. Não é apenas uma questão de software proprietário, houve muitos projetos FOSS enviando malware dessa forma.

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